sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Nymphalis polychloros


Adulto da borboleta-dos-ulmeiros (Nymphalis polychloros).
Large Tortoiseshell (Nymphalis polychloros) - butterfly.

A borboleta-dos-ulmeiros tem uma geração por ano, na qual o imago voa de Junho até Outubro ou bem de Fevereiro até maio no caso dos hibernantes. As lagartas são gregárias até a última muda. Prefere terrenos arbóreos de ribeiras e abrange uma grande diversidade de alturas. É atraída pelo cheiro dos frutos e a seiva das árvores: ulmeiro (Ulmus, spp), salgueiro ou chorão (Salix spp) e as betuláceas.

O que captamos enquanto passa.


"Portanto, eu estava tomando café-da-manhã e olhava para o buquê em cima da bancada da cozinha. Acho que não pensava em nada. Talvez tenha sido por isso, aliás, que vi o movimento; se estivesse absorvida em outra coisa, se a cozinha não estivesse silenciosa, se houvesse outra pessoa na cozinha, talvez eu não tivesse prestado muita atenção. Mas estava sozinha e calma e vazia. Portanto, pude recebê-lo em mim.Teve um barulhinho, quer dizer, um tremorzinho do ar que fez "chhhh" bem, bem, bem devagarinho: era um botão de rosa com um pedacinho de haste quebrada que caía na bancada. No momento em que a tocou, fez "pof", um "pof" do tipo ultra-som, só para ouvidos de morcegos ou para ouvidos humanos quando tudo está muito, muito,muito silencioso. Fiquei com a colher no ar, completamente fascinada. Era magnífico. Mas o que era magnífico assim? Eu não acreditava: era só um botão de rosa na ponta de uma haste quebrada que acabava de cair na bancada. E daí?Compreendi ao me aproximar e ao olhar para o botão de rosa imóvel, que terminara sua queda. É um troço que tema ver com o tempo, não com o espaço. Ah, claro,é sempre bonito um botão de rosa que acaba de cair graciosamente. E tão artístico: seria fartamente pintado! Mas não é isso que explica THE movimento. O movimento, essa coisa que parece espacial...Eu, ao olhar aquela haste e aquele botão, intuí num milésimo de segundo a essência da Beleza. Sim, eu, uma pirralha de doze anos e meio, tive essa chance inacreditável porque, hoje de manhã, todas as condições estavam reunidas: mente vazia, casa calma, lindas rosas, queda de um botão. E foi por isso que pensei em Ronsard, sem muito compreender no início: porque é uma questão de tempo e de rosas. Porque o que é bonito é o que captamos enquanto passa. É a configuração efémera das coisas no momento em que vemos ao mesmo tempo a beleza e a morte.Ai, ai, ai, pensei, será que isso quer dizer que é assim que temos de viver a vida? Sempre em equilíbrio entre a beleza e a morte, o movimento e seu desaparecimento?Estar vivo talvez seja isto: espreitar os instantes que morrem"

* Muriel Barbery - A elegância do ouriço*



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